"Amor – pois que é palavra essencial
comece esta canção e toda a envolva.
Amor guie o meu verso, e enquanto o guia,
reúna alma e desejo, membro e vulva.
Quem ousará dizer que ele é só alma?
Quem não sente no corpo a alma expandir-se
até desabrochar em puro gritode orgasmo, num instante de infinito?
O corpo noutro corpo entrelaçado,
fundido, dissolvido, volta à origem
dos seres, que Platão viu completados:
é um, perfeito em dois; são dois em um.
Integração na cama ou já no cosmo?
Onde termina o quarto e chega aos astros?
Que força em nossos flancos nos transporta
a essa extrema região, etérea, eterna?
Ao delicioso toque do clitóris,
já tudo se transforma, num relâmpago.
Em pequenino ponto desse corpo,
a fonte, o fogo, o mel se concentraram.
Vai a penetração rompendo nuven
se devassando sóis tão fulgurantes
que nunca a vista humana os suportara,
mas, varado de luz, o coito segue.
E prossegue e se espraia de tal sorte
que, além de nós, além da prórpia vida,
como ativa abstração que se faz carne,
a idéia de gozar está gozando.
E num sofrer de gozo entre palavras,
menos que isto, sons, ar, quejos, ais,
um só espasmo em nós atinge o climax:
é quando o amor morre de amor, divino.
Quantas vezes morremos um no outro,
no úmido subterrâneo da vagina,
nessa morte mais suave do que o sono:
a pausa dos sentidos, satisfeita.
Então a paz se instaura. A paz dos deuses,
estendidos na cama, qual estátuas
vestidas de suor, agradecendo
o que a um deus acrescenta o amor terrestre."
Drummond me cerca e aprofunda os meus desejos numa fase meio ninfomaníaca...
Aqui deixaremos nossas impressões dessa cidade bela e caótica, onde o belo e o feio andam de mãos dadas, aqui exporemos nossas opiniões sobre o que nós fazemos no cotidiano dessa imensa, insana e maravilhosa cidade que é São Paulo.
quinta-feira, 6 de janeiro de 2011
terça-feira, 4 de janeiro de 2011
2011
"Quem teve a idéia de cortar o tempo em fatias,
a que se deu o nome de ano.
Foi um indivíduo genial.
Industrializou a esperança, fazendo-a
funcionar no limite da exaustão.
a que se deu o nome de ano.
Foi um indivíduo genial.
Industrializou a esperança, fazendo-a
funcionar no limite da exaustão.
Doze meses dão para qualquer ser humano se cansar e entregar os pontos.
Aí entra o milagre da renovação
e
tudo começa outra vez, com outro número e outra vontade de acreditar que daqui para diante, tudo vai ser diferente."
(Carlos Drummond de Andrade)
(Carlos Drummond de Andrade)
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Se 2010 terminou de uma forma genial, com trancos e barrancos cada vez mais vultosos e com conteúdo que aprendo, desconheço, arremesso...não me atrevo, conheço, satisfaço, me satisfaz, amo, ironizo, desabo, encontro, junto...
Posso dizer que esse ano se inicia com uma ressaca na vida. Clichê à parte, a hora é de tomar um rumo e mudar a cara de algo que não mais me atém.
A liberdade de um pássaro chega a ser cada vez mais apreciada e ostentada. As garras devem aparecer. Quem sabe as de uma águia? Nessa realidade, o que posso dizer é que vem um gavião e, desta vez, não o da FIEL...como chamá-lo?
Vontades e desejos não são concretos até que algo, que alguém e que um conjunto de pessoas se movam, façam acontecer. Esperar não é mais uma desculpa. Essa, por sua vez desgastada, chega a soar como um desleixo, mais uma bela e singela hipocrisia aterrorizante...com o próprio eu e, no conjunto, com a nação. No escuro pode ver claramente que, no escuro, não viverão.
Ariane Cordeiro.
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