segunda-feira, 12 de julho de 2010

A Liberdade paulistana


A história de amor entre os japoneses e o bairro da Liberdade é antiga. Já a partir de 1912, até 1942, o bairro foi uma das principais portas de entrada dos imigrantes na capital de São Paulo. Imigrantes que saiam da lavoura, no interior do Estado, em busca de trabalho.
A rua que mais atraiu os imigrantes era a Conde de Sarzedas, que fica na divisa do centro com a Liberdade. Na região era possível alugar porões por preços baixos e conseguir empregos no comércio que ascendia. Na mesma época, iniciou o comércio de produtos nipônicos na região.

Na década de 30, o bairro começou a tomar forma e as diferenças com outras regiões da capital ficaram visíveis: as placas com letras orientais começavam a tomar o ambiente. Outra caracteristica era o esporte praticado, no pouco tempo livre, nas ruas:o beisebol.

O crescimento do bairro e do poder aquisitivo dos japoneses foi limitiado ainda na década de 30, quando o governo Getúlio Vargas adotou uma política de retaliação aos imigrantes dos países do Eixo (Alemanha, Japão e Itália). Os japoneses foram impedidos de realizar suas atividades e muitos foram expulsos da região.

O conflito se estendeu mesmo após a saída de Vargas do poder. O final da Segunda Guerra Mundial deu inicio a um novo período à região, pois muitos japoneses fugiram do país natal e vieram procurar uma oportunidade de vida e emprego, se instalando na região.

Viver num país com a cultura totalmente diferente não é nada fácil, por isso, na época, os japoneses começaram a desenhar, num formato exclusivo, o bairro. Já a partir da década de 60 começaram a surgir organizações importantes onde os nikkeis se reuniam, como a Associação Cultural e Assistencial da Liberdade (ACAL).

Os anos 60 foram marcados também por obras que trouxeram modificações críticas à região, como a construção da Avenida 23 de Maio, abaixo do atual viaduto de Osaka, e o metrô da linha Azul.

Nos planos do metrô surgiu a ideia de transformar o bairro em um chamariz turístico e comercial. Era o nascimento do chamado Bairro Oriental que recebeu da prefeitura decoração especial, com a instalação das luminárias típicas, de letreiros em japonês na fachada das lojas, a construção de portais e a reformulação das calçadas.

Em novembro de 1974, 40 mil pessoas assistiram à inauguração da nova cara do bairro, que deixaria definitivamente o caráter residencial. Um ano depois, foi a vez da abertura da feirinha da Praça da Liberdade, que se tornou um dos marcos da cidade e se estende até os dias de hoje.

De lá para cá, a Liberdade ainda é uma das maiores referências da colônia japonesa em São Paulo. Definitivamente, há muitos japoneses na região que se enquadra da Vergueiro à praça da Liberdade, próximo à praça da Sé. No entanto, embora o bairro seja manchetado e aparência continue nipônica, ele é formado por uma grande concentração de coreanos, chineses e brasileiros. A diversidade cultural ganhou força ante a tradição.

Hoje, a tranquilidade e a beleza dos formatos orientais dão lugar à rotina comercial caótica, trânsito, universidades e escolas que chegam a ocupar quarteirões, empresas de diversos portes e tamanhos, bares e restaurantes abertos quase 24hs por dia. A revitalização do bairro era um projeto, que iniciado em 2001, está parado. Creio que entre as prioridades deveriam estar a infraestrutura necessária aos moradores, como calçadas, ruas devidamente asfaltadas e um dos problemas mais graves do bairro, que divide a ãtenção com diversos outros, a limpeza.

A limpeza e coleta de lixo é uma obrigação da Prefeitura, mesmo assim, a coleta diária não é suficiente ao número de pessoas, estabelecimentos comerciais e residenciais que o bairro possui. Ao invés de manter a higiene, muitos donos de restaurantes, bares e até lojas entulham, diariamente, lixos e restos de comida, o que já retrata o disperdício e mesquinharia dos mesmos, além de caixas de papelão pelas ruas e calçadas. Mesmo que retirados, os lixos com a ação da chuva, animais e até pessoas acabam entupindo boeiros e propiciando o aparecimento de infecções.

Bom, são inúmeras qualidades e problemas encontrados nesse bairro, de essência japonesa e alma brasileira. Porém, se listar não trabalho e muito menos escrevo algo a nada hoje..então vamos lá (zuera). Adoro a Liberdade e, há cinco anos, esse bairro ilustra histórias e mais histórias de minha vida.

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