quarta-feira, 14 de julho de 2010

Não só a palmada dói

Ao almoçar um delicioso strognoff de frango, digno de repetiçÕES, desci para bater um papo com as duas tchucas do trampo. Começamos a falar de viagens, barcos, twitter e blogs. Este último calhou muito no momento em que eu e mi cocinero montamos este espaço.

O foco é abordar a cidade de São Paulo, notável. Relatar sobre algumas curiosidades boas e ruins, como espaços públicos e privados, restaurantes, bares, cinemas, avenidas, estádios (no cronograma seguindo o Timão) e diversos outros lugares que entram em pauta.
Sabendo disso, o meu foco teve um gancho digno de uma astigmática. Exageros à parte, até confesso que só hoje quis escrever sobre outros assuntos, talvez seja o tempo demasiado cinza e a falta de um por do sol alaranjado. Hoje, por exemplo, quis escrever sobre o "Funhouse" do Stooges, que completou longos 40 anos.

Entre inúmeras notícias como o confronto na Irlanda do Norte, a corrida medíocre de touros em São Firmino e os presos políticos saindo de Cuba, a nota do projeto de lei que prevê proibir as "palmadas" em crianças repercurtiu e muito na mídia. O porque é meio óbvio em época de eleições e bate-boca entre oposições. (Grande áspas. Lembrei que li no twitter do Cláudio Tognolli, jornalista, ghost writer e meu orientador de TCC, esse twit foda: Lula: "Dilma estah muito a esquerda: deve fazer conversão de 360 graus jah" ) continuando....Creio que trabalhar ouvindo o dia inteiro a CBN colaborou e muito com o post. Já devo ter perdido a conta de quantas vezes escutei a mesma manchete, repetida inúmeras vezes a cada quadro e jornal. Vencida pelo cansaço decidi redigir um "pequeno abre", ou como meus companheiros dizem: irei abrir um abre.

Não consigo imaginar uma criança que nunca levou uma palmada ou beliscão dos pais. Ainda que esses dois exemplos citados são os mais clássicos e singelos possíveis. Quando menor, minha mãe abusava da criatividade com cintas, varinhas, havaianas, panos de pratos, entre outros artefatos. Na época, óbvio, que planos maquiavélicos não faltam para uma ação contrária, porém sempre abortados. Mas, o que parece que não vai ser declinado é o projeto de lei, enviado hoje ao Congresso Nacional, que visa proibir as famosas esquentadas dos pais.

A proposta foi levada ao governo pela rede "Não bata, eduque", que reúne ONGs na direção. A proposta inclui intens como penalidades ao "castigo corporal" e "tratamento cruel e degradante" como violações dos direitos na infância e adolescência. As penas são as mesmas já previstas pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) na qual pais, mães e cuidadores de crianças e adolescentes podem ser condenados e até encaminhados para programas de proteção à família e tratamento psicológico a advertência e até perda da guarda.

De fato, nada justifica uma agressão, mas há uma grande diferença entre uma palmada e um soco. A força ou a violência do agressor não será menor por conta de uma lei. Se assim fosse não haveria assassinos, psicopatas, estupradores, assaltos, desvio de dinheiro, preconceito...O buraco é mais embaixo e um dos pontos está na base educacional e desenvolvimento cultural da sociedade. Muitos não possuem ao menos condições dignas de viver, quanto mais criar e ter tempo para os filhos.

Com o avanço do debate, principalmente na mídia, o projeto pode ser aprovado antes mesmo de inúmeras propostas que estão à mercê da boa vontade de nossos queridos não companheiros. Pois, se o projeto for aprovado o que mudará nos casos de violência infantil? A impunidade, de certa forma, será a mesma. Não adianta tapar o Sol com a penera (ótimo jargão de avó).

O mais "engraçado" foi a relevância dada pelo presidente Lula, que contribui para os urubus do jornalismo, que disse em entrevista que em uma situação larga um "beliscão é uma coisa que dói pra cacete" e complementou que se considera uma pessoa "abençoada" por nunca ter apanhado dos pais. "Meu pai era um homem bruto, quem viu o filme (Lula, o Filho do Brasil) sabe, mas nunca apanhei dele e nunca bati em meus filhos".

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